PALAVRAS
Contos de uma flama infinita

segunda-feira, agosto 05, 2002

8:20 da tarde.


— Está tudo bem?
— Não.
— Está tudo mal?
— Não.
— Está tudo chato?
— Não.
— Está tudo frio?
— Quente?
— Está triste por isso?
— Não!
— O que te chateia tanto?
— Nada.
— Mas por que esta cara amarrada?
— Não estou com a cara amarrada.
— Então por que estes olhos tão sinistros?
— Por que você pergunta tanto?
— Por que você não me dá uma resposta satisfatória.
— Por que devo te dar uma resposta satisfatória?
— Por que sou seu amigo?
— O quê?
— Heim?
— Está surdo?
— Que conversa chata!
— Não diga isso, sou seu amigo.
— Não me cobre isso.
— Caramba, isso parece novela.
— Vai tomar no cu!
— É bom?
— Como?
— Tomar no cu é bom?
— Esquece.
— Olha pra mim?
— Como?
— Outro dia nos falamos.
— Não haverá outro dia.
— Por que?
— Não haverá.

Julio Costello

Correio 1
Julio

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Diego




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